segunda-feira, 22 de junho de 2009

Resenha filme "Meu Nome é Rádio"

A inclusão social do deficiente mental no filme “Meu nome é Rádio”.

Nos EUA, em 2003, foi lançado o filme de título original “Radio”, com tradução brasileira “Meu nome é Rádio”. Com roteiro de Mike Rich e direção de Michael Tollen, o drama de 109 minutos conta com os seguintes atores em seu elenco: Cuba Gooding Junior (Radio), Ed Harres (Treinador Jones), Debra Enger (Linda), Alfre Woodward (Diretor Daniels), S. Epatha Merkerson (Maggie), Brent Lexton (Honeycutt), Chris Mulkey (Frank), Riley Smith (Johnny) entre outros.
A história, baseada em fatos reais, nos relata a vida de James Robert Kennedy, um deficiente mental que vivia às margens da sociedade até o momento em que conheceu o treinador do time de futebol americano do colégio secundário T.L. Hanna High School, no bairro de Anderson, Carolina do Sul. De um membro excluído socialmente, Rádio, como James era conhecido por portar consigo um pequeno rádio de pilha, passa a fazer parte da comunidade e da escola local, mesmo após enfrentar diversos preconceitos.
O filme é iniciado com imagens que mostram objetivamente a diferença entre Rádio e os demais membros da cidade. Enquanto os jogadores se divertem e treinam unidos, ele está passando, solitário, pela rua, com seu carrinho de supermercado cheio de objetos que lhe interessam e não servem mais para outras pessoas. Mas, de longe, Rádio observa o time treinando e talvez pense como gostaria de fazer parte daquele meio. O problema é que os próprios moradores da cidade têm receio quanto ao comportamento dele e acabam por excluí-lo. Essa passa então ser a realidade de Rádio e é, também, a realidade de muitos cidadãos no mundo inteiro, que lutam a cada dia para serem aceitos. É certo que, teoricamente, esta luta deveria ter acabado, já que a própria Declaração de Direitos Humanos prevê que todos somos cidadãos iguais perante a lei. Mas o próprio filme nos revela o quanto a teoria está longe da prática.
No filme, a diretora, os jogadores e a própria mãe de Rádio representam a nossa sociedade preconceituosa, que está completamente despreparada para receber as pessoas tidas por ela como anormais, ou seja, fogem do que seria o padrão normal de cidadão ou aquele que não tem deficiências. A reação desses personagens nos mostra os obstáculos que os deficientes físicos e mentais enfrentam. Os diretores e professores, por não estarem aptos a recebê-lo, preferem afastá-lo do convívio dos demais, pois acham que ele pode trazer problemas e que não desenvolverá suas habilidades.
Isso é uma denúncia em relação ao despreparo da rede de ensino mediante situações como esta. Todos têm direito à educação, mas lidar com a realidade do deficiente em qualquer de suas categorias – mental, visual, auditivo etc. – requer uma modificação do sistema educacional e, principalmente, nos conceitos éticos e morais de cada indivíduo.
Rádio é um deficiente tímido e solitário, porque não teve uma oportunidade. Mas bastou tê-la para que grandes transformações acontecessem em sua vida. A ajuda de um treinador, Harold Jones, foi fundamental para seu desenvolvimento. O menino pobre que pouco ou nada falava, passou a anunciar cardápios e eventos nos altofalantes da escola e a ajudar o treinador com o time. E é esse o ponto que todos que assistem ao filme devem perceber: para que eles desenvolvam e cresçam, basta fornecer a eles aquilo que lhes é direito.
Porém, incluir socialmente um indivíduo como Rádio não é tarefa fácil. Embora no filme apenas o treinador tenha lutado contra tudo e todos para integrá-lo, em nossa sociedade esse trabalho requer união de diversos elos como família, educadores e sociedade como um todo. A família precisa entender a deficiência de seu filho e buscar meios de defender os direitos e as necessidades dele, agindo de maneira diferente a que a mãe de Rádio agiu inicialmente, ou seja, com medo da reação das pessoas em relação ao seu filho ela o afastava dos demais, como maneira de protegê-lo.
A escola deve atender aos direitos previstos em lei e adequar-se de modo que possa receber alunos deficientes. Deve dar a eles a oportunidade de conviver com seus semelhantes e de desenvolver suas habilidades. Além disso, deve estabelecer programas em que deficientes e não deficientes atuem juntos e de maneira cooperativa, sem ressaltar diferenças e demonstrar preconceitos. Aos educadores caberá a adaptação para lidar com esses indivíduos sem que diferenciem os alunos ou priorizem uns em detrimento de outros.
Dessa forma, o deficiente poderá ser incluído socialmente e ter chances como a que Rádio teve ao final do filme. Hoje, ele é cidadão conhecido e querido na cidade de Anderson, Carolina do Sul. Além disso, ganhou a oportunidade de estudar e é ajudante do treinador do time de futebol americano.
Rádio se desenvolveu em vários aspectos e modificou vidas e pensamentos. Ele representa muitos deficientes que, com muita luta, tiveram suas vidas transformadas. Cabe agora aos indivíduos de toda a sociedade transformarem seus pensamentos e conceitos para aderirem à inclusão social não só de indivíduos deficientes, mas daqueles que enfrentam o preconceito de raça, religião, sexo e desigualdade econômica. Mas a barreira não deve ser quebrada pelo simples fato de existirem leis que protejam essas pessoas, mas pelo fato de sermos todos seres humanos semelhantes e de iguais direitos, devendo ter o exercício pleno e livre de nossa cidadania.

6 comentários:

  1. Muito boa essa rezenha, nos ajuda a vizualizar melhor o filme,estou estudando a disciplina psicologia social e pesquisando estereótipo, preconceito e discriminação. Elielsoo Sales, aluno de psicologia pela Ufrb.

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  3. lindo eu vi o filme e chorei no final é uma lição de vida para todos mesmo sendo criticado por todos ele nunca desistiu de lutar

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  4. Rádio era considerado como desviante antes de se interagir na escola. Justifique

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  5. gostaria que respondesse essas perguntas baseando no filme:

    1) Segundo o positivismo a sociedade funciona como um organismo vivo. Qu etrechos do filme demonstram que esta afirmativa é verdadeira? justifique sua resposta
    2) como a função de desempenhar papéis na escola interferiu na aceitação de Rádio na sociedade?

    3) Como rádio foi socializado? Demonstre antes e depois de conhecer o treinador
    4)Rádio era considerado como desviante antes de se interagir na escola. Justifique
    5) sabemos que a socialização e as sanções (negativas e positivas) são considerados como principais mecanismos de controle social. procure exemplos no filme de todos estes tipos de mecanismos de controle
    6) Como podemos perceber a solidariedade social (orgânica) presente na pequena cidade onde se localiza a escola que Rádio passou a frequentar?

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