segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Inclusão Social do Surdo

Inclusão social do surdo


“O conceito de inclusão nos ensina não a tolerar,
respeitar ou entender a deficiência, mas sim a legitimá-la,
como condição inerente ao ‘conjunto humanidade’.
Uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar
sempre todas as condições humanas, encontrando
meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais
comprometido, exerça o direito de contribuir com seu
melhor talento para o bem comum.”
Cláudia Werneck – presidente e idealizadora da Escola da Gente
– Comunicação em Inclusão.


Todos os anos, no dia 26 de setembro, é comemorado o Dia Nacional do Surdo, devido a inauguração do Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro em 1857, atualmente conhecido com INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). Internacionalmente esse dia é comemorado em 30 de setembro.
Essas comemorações refletem a luta da comunidade surda, ao longo de vários anos, pela garantia de seus direitos e liberdades e a conquista gradual do que podemos ver hoje, como: a modificação da nomenclatura surdo-mudo apenas para surdo, já que é possível que o surdo fale, embora tal conceito permaneça na sociedade por falta de conhecimento ou preconceito; a diferenciação entre deficiente auditivo (apresenta grau parcial de surdez, apresentando uma porcentagem audível) e surdo (indivíduo que não apresenta nenhum grau de audição) e o estabelecimento da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) como língua verdadeira, constituída por regras fonológicas, morfológicas, semânticas e pragmáticas.
As barreiras encontradas pelos surdos ainda são muitas, mesmo existindo diversas leis que requeiram a igualdade deles em relação a todos os ouvintes e que preveja que adaptações devem ser feitas para que esses indivíduos se integrem à sociedade, principalmente, no âmbito educacional. E muitos órgãos, como o INES e a FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos) têm sido criados para atender as necessidades desses indivíduos, uma vez que a prática tem sido bem diferente da teoria estabelecida pelo governo federal. O ato de incluir socialmente esses cidadãos vai muito além do que o previsto no papel: devem ser realizadas grandes transformações sociais e educacionais para que eles sejam plenamente aceitos. E é com essas transformações que a comunidade surda conseguirá atingir seus objetivos de terem atendidos os seus direitos mais básicos como transporte, educação, lazer e serviços, como qualquer outro cidadão.
No âmbito educacional, eles lutam para que seja implantado o bilinguismo em todo o sistema escolar. O bilingüismo é uma filosofia educacional que prevê a aprendizagem da LIBRAS como a primeira língua, para que depois o indivíduo aprenda a Língua Portuguesa, como segunda língua, vivenciando assim todas as atividades inerentes aos diversos segmentos do sistema escolar. Mas a criação de escolas bilíngües que atendam aos surdos ainda está em processo de transição, devido às grandes modificações que implicará no sistema educacional, como produção de material didático específico para surdos, elaboração de novas metodologias, aperfeiçoamento e especialização de educadores, etc.
Porém, mesmo que a política do governo federal preveja a não segregação dos surdos e dos deficientes auditivos em escolas especiais, a realidade que vemos é bem diferente, porque as escolas e os professores estão despreparados e não há número suficiente de intérprete de LIBRAS que atendam a demanda escolar. Muitos educadores têm simplesmente se negado a aceitar esses alunos em suas aulas, e a questão vai além de querer ou não querer dar aulas para eles, uma vez que é necessário preparo e conhecimentos para lidar com essas novas situações. Já os educadores que os aceitam, desdobram-se para não dar aulas diferenciadas para alunos surdos e ouvintes; para adaptar sua maneira de falar, avaliar e usar diversos materiais, levando em conta que alunos surdos aprendem muito pela observação e de modo que todos aprendam e troquem experiências.
Mas não só a escola deve se incumbir do papel de incluir o indivíduo surdo, mas a família e a sociedade também devem participar desse processo. Assim, através do convívio do surdo com seus pais, educadores e pessoas próximas, ele terá desenvolvimento lingüístico e cognitivo, permitindo acesso a todos os conceitos e conhecimentos da sociedade.
Para a inclusão social do surdo é importante levarmos em consideração que ele não é um mero deficiente que não sabe falar e não ouve, mas sim um indivíduo que tem um outro canal de comunicação e linguagem própria. É preciso respeitar e reconhecer as habilidades dos surdos, reconhecendo que eles dependem de gestos, expressões e leitura labial como parte do processo comunicativo. Devemos ser claros ao falar, usando velocidade e tom adequados, dirigindo-se sempre para a pessoa surda com quem falamos, mas não para o intérprete. Agindo assim, já estamos dando um primeiro passo para que esses indivíduos tenham garantidos seus direitos de cidadãos e possam conquistar cada vez mais espaço em nossa sociedade, deixando para trás o preconceito e a crença de que os surdos e os deficientes auditivos jamais aprenderiam a se comunicar com os membros de seu país.


Referências:
www.feneis.org.br
www.ne.org.br


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